terça-feira, 1 de janeiro de 2013

É possível viver a castidade nos dias atuais


Mulher deixa castelos de ouro para viver uma total entrega a Deus na vida consagrada

O celibato é graça, e se faz por uma escolha de Deus. É um doar-se por inteiro, num amor onde não se leva em conta a reciprocidade do doar-se. A alma por Deus escolhida tem em si esta certeza: que precisa se gastar como o fez o próprio Jesus, sendo tudo para todos. Onde é exclusivo de Deus e incansável no serviço do reino.
Lembro que meus amigos sempre tentaram me proteger e quando aproximava de um rapaz diziam que eu tinha algo de especial. Não foi fácil me guardar, viver a castidade e guardar a virgindade. Só o consegui por graça de Deus, e pela eucaristia. Desde os meus sete anos, quando fiz a primeira comunhão, pedi a pureza; que o Senhor Jesus, que eu ia receber no coração, me protegesse e concebesse.
Sei que desde o sempre fui escolhida por Deus, pois o meu nascimento já foi um milagre. O médico chegou a dizer que minha mãe se salvasse e que eu morresse. Mas ela disse que teria o filho e, se fosse menina, colocaria o nome de Maria das Graças. E ainda, que Nossa Senhora das Graças seria a minha madrinha.
Toda a minha história, desde o nascimento, me faz ao longo dos anos ter esta certeza do celibato. Eu até quis me casar e tive boas oportunidades para isso. Também profissional, pois antes de entrar para a Comunidade, o meu cunhado me pediu que eu fosse administradora de uma loja que iria montar.
Ele pensou em mim. Disse: “vá para Lisboa, você vai ter o seu apartamento e um grande futuro”. Isto faz 13 anos. Eu disse que por castelo de ouro nenhum iria, e que o Senhor Jesus era e é o meu tesouro maior.
Eu sempre tive um profundo amor pela Igreja. O casamento era pouco, eu precisava pôr todo o fogo do amor que sentia para salvar muita gente e me gastar pelo serviço do reino. E sabia que freira não queria ser. Foi na Canção Nova, no dia 22 de julho de 1995, que realizou o meu grande desejo de, mesmo indigna, assumir o meu compromisso de celibato, de vida consagrada, de pertença total ao Senhor

O que é um santo?


Nós chegamos à santidade travando uma árdua batalha com nós mesmos, com a carne e com o demônio

Os homens e as mulheres que a Igreja Católica chama de “santos” são milhares, mais de vinte e sete mil, como afirma René Fullop Muller, em seu livro “Os Santos que abalaram o mundo”. São de todas as condições de vida, raças, cores, culturas, países, etc. Porém, uma coisa é comum a todos: eles foram heroicamente bons; basta analisar a vida deles.
A santidade é basicamente a estreita união do homem com Deus; desse contato resulta a perfeição moral. Deus é santo por natureza; os homens são santos na medida em que se aproximam d’Ele.
No céu todos os bem-aventurados estão intimamente unidos a Deus pela visão imediata d’Ele. Isso é chamado de “visão beatífica”. Todos os que estão no céu atingiram a santidade perfeita. Aqui na terra os homens são unidos a Deus por meio da graça divina. Essa graça é um dom, livremente dado por Ele, por meio do qual nos tornamos “participantes da natureza divina”, como São Pedro afirma (cf. 2 Pd 1, 4). Quanto mais graça um homem tem, tanto mais semelhante a Deus se torna.
Um santo canonizado foi alguém que na terra praticou a bondade heróica em todas as suas ações. Um homem ou uma mulher não é canonizado por ter uma só virtude. Não é suficiente que ele não tenha faltas salientes. Mesmo uma pequena fraqueza é uma grande falta num santo. Um santo tem um controle perfeito de todas as virtudes. O santo não faz da sua vida espetáculo. Começa pelas virtudes sólidas, comuns da vida cristã, e depois as desenvolve até um grau extraordinário. São Vicente de Paulo costumava dizer que “um cristão não deveria fazer coisas extraordinárias, mas sim fazer extraordinariamente bem as coisas ordinárias”.
Os seres humanos chegam à santidade travando uma árdua batalha com eles mesmos, com a carne e com o demônio. Partem do triste estado da nossa fraqueza comum, porém, antes de morrerem, atingem a santidade pela graça de Deus. E isso é possível a todos os batizados. Muitos santos não foram tão santos antes de se colocarem nesse caminho. Santo Agostinho assombrou o mundo pela sua “Confissão”, obra que fala como ele fora na sua mocidade, um moço desajuizado que viveu as suas farras na África e na Europa até se converter. Era amasiado e tinha um filho (Adeodato) antes de se converter aos 33 anos.
Um santo vence a fraqueza. Por isso, a Igreja Católica não hesita em examinar no processo de beatificação minuciosamente tudo o que um santo fez. Santo Tomás de Aquino nasceu aristocrata e se tornou professor numa universidade. A sua característica era a simplicidade e a humildade em investigar a verdade como um dos mais profundos intelectuais de todos os tempos. Era santo. Em cada santo encontramos uma singularidade.
Os santos não foram pessoas raras e especiais que viveram numa só terra ou numa só época particular. Pertencem a todas as épocas e a todas as nacionalidades. São Policarpo, natural da Ásia Menor, viveu no século II; já São Pio X foi um italiano e um Papa do século XX. E os quatro homens que são chamados os Padres do Ocidente, a saber: Santo Agostinho, São Jerônimo, Santo Ambrósio e São Gregório Magno, eram respectivamente da África do Norte, da antiga Iugoslávia e da Itália, e viveram entre os séculos quarto e sexto. Santa Francisca Cabrini era uma freira italiana que fundou hospitais em Nova York e em Chicago. Houve mártires em Nagassaki, no Japão, e padres na Rússia, que foram declarados santos pela Igreja Católica.
O que talvez seja mais surpreendente é a enorme variedade de personalidades entre esses santos. Eram reis e rainhas; sapateiros e agricultores; sacerdotes, bispos, freiras; soldados; juristas; professores; donas-de-casa e mulheres profissionais, que se elevaram às alturas da santidade. Nenhuma classe tem o monopólio da santidade, embora talvez bispos e religiosos, por força da sua profissão, tenham mais freqüentemente chegado à santidade.
Prof. Felipe Aquino