Lembremos então as palavras do Divino Mestre que diz: “Quem não toma sua cruz e não me segue, não é digno de mim.” (Mt 10,18). Nestas palavras do Senhor vemos a exigência do seu chamado em nossas vidas, chamado esse que exige de nós uma renúncia de vida, sonhos, projetos, sentimentos e idealizações. Seguir a Jesus é seguir não só um estilo de vida, mais acima de tudo seguir uma pessoa que tem o poder de transformar nossas vidas naquilo que de melhor podemos ser, por isso, é necessário e primordial diante de do chamado de Deus sermos capazes de renunciarmos a nossa “liberdade”.Mais que liberdade? A liberdade de controlarmos e guiarmos nossas vidas por nós mesmos. Deus nunca fez nada sem nossa liberdade, que é uma espécie de pérola preciosa de nosso estado de criaturas. Com efeito, a pessoa não é nada sem essa capacidade de ser livre, ou pelo menos se tornar livre. “Torna-se livre”, pois não o somos imediatamente. A liberdade é um ato livre de conquista como dom de Deus. Somos escravos de nossa própria liberdade, ou melhor, do mau uso de nossa liberdade, colocamos em nós prisões de “liberdade”: lembranças, paixões, desejos, pecados, medos, traumas etc. A nossa liberdade necessitará se libertar para torna-se real. E a forma de nos libertarmos para uma verdadeira liberdade é através da renuncia.
Renúncia é uma palavra já muito gasta em nosso vocabulário cristão, mais não compreendida a luz de seu verdadeiro sentido. Renúncia é a capacidade interior, mais que exterior de abandonar a tudo que nos escraviza e nos limita de amar a Deus e vivermos seu amor e sua santa vontade, é a capacidade de nos doarmos por inteiro e sem reservas a uma vocação própria e específica que Deus nos chama.
Vida cristã nenhuma se faz sem renúncia de “vida”. Somente quem entendeu na vida que é necessário perder para Deus para ganhar, é que pode ser livre. Uma vida cristã só é verdadeira, plena e viva se for acompanhada pelo sacrifício, penitência e abnegação que em suma é a própria renúncia. A verdadeira renúncia é um dom do Espírito Santo aos corações, é sua ação amorosa e libertadora na alma humana. Só teremos uma humanidade de “homens e mulheres novos”, se houver uma humanidade capaz de seguir uma vida de renúncia dos prazeres, dos divertimentos vazios, das paixões desordenadas e de uma falsa “independência” de Deus e suas leis.
Os verdadeiros cristãos se provam pela qualidade das renúncias que fizeram em suas vidas. É preciso deixar nosso coração compreender que Deus não nos quer pela metade ou somos Dele por completo ou não o somos, e isso só se faz com renúncia, ou então nossa vida será marcada pela mentira e pela ilusão de sermos de Deus, quando na verdade somos de nós mesmos. Saibamos “Deus tem ciúmes de seus escolhidos”, Ele não permite e não aceita nada pela metade. Por isso no livro do Apocalipse lembrou: “Porque és morno, nem frio nem quente, estou para vomitar-te da minha boca” (3,16), ou seja, com Deus ou somos tudo ou somos nada!
A Virgem Maria é o modelo de renúncia de vida pelo Reino, Ela nos aponta o prêmio dos que abandonam tudo para seguir a Jesus e mais que isso, Ela nos ensina a vivermos a renúncia nos dando a si mesma como espelho e modelo de vida. Que possamos seguir a Virgem Santíssima neste itinerário de santidade pela renúncia.
Que Deus abençoe a todos e que a Virgem Maria nos guie e sustente!
Lee Anderson Rebouças, CSR
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