segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Semáforos interiores


O coração humano é um grande sinaleiro  

Um dos sinais de trânsito mais conhecidos é o semáforo. Este sinalizador é de fundamental importância para a segurança dos pedestres e dos motoristas. Desobedecê-lo é colocar em risco a própria vida e também a de outras pessoas. Muitos já desobedeceram ao que o semáforo indicava e o resultado não foi bom. Ou foram vítimas de um acidente ou então receberam uma multa.

Segundo o Código Nacional de Trânsito, avançar um sinal vermelho é uma violação gravíssima às normas impostas. O motorista que comete tal falta perde sete pontos em sua carteira de habilitação. Diante de tal gravidade que pode ocorrer quando o sinal está vermelho, melhor será para o condutor do veículo obedecer.

No entanto, sabemos que nem todos os motoristas e pedestres respeitam os sinais de um semáforo. Diante da imprudência de tal atitude o resultado nem sempre é positivo. Muitos já perderam a vida e outros tantos a roubaram de seus semelhantes. Atitudes inconsequentes têm resultados trágicos.

O coração humano é um grande semáforo. Ele nos indica qual a postura que devemos ter diante das mais variadas situações da vida. Porém, é preciso reconhecer as cores que nos indicam o que devemos fazer diante das encruzilhadas de nossas opções!

Sinal vermelho do semáforo do nosso coração indica que é tempo de parar. A pressa em chegar pode nos fazer provar o amargo das emoções que ainda estão verdes. Ultrapassar o sinal vermelho é arriscado e perigoso. Podemos causar acidentes que deixarão graves sequelas no coração de quem não era culpado.

Respeitar o pedestre é sempre prioridade nas leis de trânsito. Nas leis do coração a mesma atitude é fundamental. Respeitar aqueles que cruzam as esquinas de nossa alma e caminham lado a lado conosco é atitude de um cristão consciente!

Sinal amarelo é sempre de atenção. Olhar para os dois lados da vida e ver qual deles nos oferece mais segurança! Parar e observar se a nossa pressa não poderá ser interrompida por alguém que vem em alta velocidade e ainda não aprendeu a respeitar os semáforos de nosso coração é imprescindível. Buscar a segurança necessária para que não sejamos vítimas de nossos próprios descuidos é cuidar com atenção de nosso coração.

A esperança é verde. Quando o semáforo de nossa alma nos indicar que podemos seguir em frente não hesitemos. Com segurança poderemos trilhar os mais belos caminhos e descobrir as mais lindas paisagens escondidas nas curvas de nossa alma.

Há muitos corações congestionados com sentimentos confusos. Há ainda semáforos queimados que precisam ser trocados. Um semáforo que não serve para nos indicar com segurança o nosso caminho se torna sucata. Jesus é o grande Semáforo da nossa vida. Ele nos indica qual é o melhor caminho que devemos seguir.

Nem sempre o verde da esperança estará nos indicando que podemos seguir em segurança. O vermelho do proibido, muitas vezes, vai salvar nossa vida de tristes acidentes emocionais. A atenção do amarelo vai nos garantir que precisamos parar e olhar para a vida com mais cuidado.

Para a pecadora arrependida o vermelho da hora de parar foi aceso. O jovem rico recebeu o sinal amarelo da atenção: era preciso parar e rever as escolhas que estava fazendo. Judas estava com o semáforo de seus sentimentos quebrado. Não havia prestado atenção que o sinal amarelo indicava o vermelho que iria chegar. Não olhou e foi atropelado pelos próprios erros. Maria Madalena descobriu em uma manhã de ressurreição o sinal verde de novas possibilidades.

Nos semáforos do coração encontramos a segurança necessária para caminharmos pela vida de mãos dadas com um tempo novo. Jesus nos dá sinais de trânsito livre e seguro no cotidiano dos congestionamentos de nossa alma.



Padre Flávio Sobreiro

Terapia do abraço




Estamos nos condicionando a ter o mínimo de contato com o ser humano....

Vivemos em tempos de medo! Muito do que empreendemos tem por conta o zelo pela nossa segurança. Os homens querem cercar-se de garantias para estar a salvo: da vida afetiva, profissional e econômica à integridade física.

É tanta cautela, que todos esses procedimentos tomados têm cada vez mais afastado as pessoas e formado um ser humano desequilibrado e frio. São grades que engaiolam crianças, blindagens contra a liberdade, ensinamentos que não transmitimos por medo de perder o cargo, mãos que não selam acordos. Estamos nos condicionando a ter o mínimo de contato com o ser humano.

Somos seres dotados de afetividade. Afetividade é o que afeta, interfere no íntimo da pessoa. O gênero humano tem por aspiração o ser comunitário. Precisamos viver juntos, necessitamos uns dos outros.

Sentimentos e afetos são parte do todo do ser humano. São faculdades que proporcionam cor e intensidade a cada momento e circunstância da nossa vida e trazem significado em nosso interior sobre pessoas e acontecimentos. Juntamente com o lado racional, as emoções também são alicerces para tomadas de decisão.

Daí, a importância de cultivarmos boas emoções, estarmos sadios afetivamente. E isso acontece por meio do relacionamento, das conversas, da procura da concórdia, dos gestos que demonstram carinho e consideração. Contudo, depois daquele agradável encontro ou ao ser gerada uma boa impressão a respeito de alguém, quando entendemos que amamos e somos amados, o que vem a ser o penhor e coroar todo tipo de relacionamento são as diversas formas de contato, como o toque, o aperto de mãos, o abraço, o beijo, o afago, entre outros. Gestos muito importantes na construção de nossa afetividade, que geram homens e mulheres sadios emocionalmente, pois ao sentirmos o amor pelo calor humano conectamos a impressão psicológica e espiritual ao que experimentamos fisicamente.

Então a partir daí todo gesto de amor que recebemos pode ser sentido pelas três instâncias do ser: Física, Psiquica e Espiritual.
Um exemplo é quando um indivíduo sabe que sua família o ama pelas palavras proferidas ou pelo sustento que lhe garantido, mas se não há o carinho físico, fica faltando uma dimensão.

O amor manifestado para o todo (três dimensões) do ser humano gera segurança e autoconfiança. Sentir a mão de quem amamos nos passa a sensação concreta de porto seguro. Dá uma percepção palpável do amor que antes intuímos pelo lado racional e na alma.

Jesus tocava os doentes e abraçava as crianças e, um dia, disse ao fariseu que O convidou para jantar: “Não me deste o ósculo (beijo); mas esta, desde que entrou, não cessou de beijar-me os pés” (Lc 7, 45). Em referência àquela pecadora que, em seu gesto, demonstrou um amor no qual o anfitrião não o manifestava (cf. Lc 7, 47). Da mesma forma os apóstolos também tocavam nos enfermos e assim ministravam a cura “quando impuserem as mãos sobre os doentes, estes ficarão curados” (cf. Mc 16, 17-18).

Quem sabe hoje não precisemos abraçar alguém que há muito não trazemos para perto do coração e deixemos calar as mágoas passadas num gesto que é imprescindivelmente humano? Talvez até pessoas da nossa família, de dentro de nossa casa que há tempos não sentimos o calor nem o perfume, porque não mais nos aproximamos.

Diminuamos as distâncias e construamos pontes de amor que nos liguem a outras pessoas. Não tenhamos medo de apertar a mão ou envolver com um abraço aquele(a) que não é ainda parte do nosso círculo de amizades. Este gesto pode salvar uma alma. Há muita gente por aí precisando de um abraço, nos hospitais, prisões, asilos ou talvez no trabalho, na escola, alguém que esteja próximo fisicamente de nós. Vidas gritam por isso!


Um grande abraço a você!

Deus o abençoe!